Mesa - redonda

Plano de Aula - Orientação Sexual

Faixa etária
4 e 5 anos

Objetivos
- Envolver professores e pais no trabalho de orientação sexual dos estudantes.
- Desenvolver nos alunos o respeito pelo corpo (o próprio e o do outro).
- Refletir sobre diferenças de gênero e relacionamentos.
- Dar informações sobre gravidez, métodos anticoncepcionais e doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).
- Conscientizar sobre a importância de uma vida sexual responsável.

Anos
Este projeto pode ser adaptado para todo o Ensino Fundamental.

Desenvolvimento
1ª ETAPA Preparação da escola e da comunidade:

Capacitação da equipe - Professores e funcionários devem estar preparados para lidar com as manifestações da sexualidade de crianças e jovens. Um curso de capacitação sobre os principais temas (como falar e agir com crianças e adolescentes; prazer e limites; gravidez e aborto; DSTs etc.) é o mais indicado. Além disso, os formadores podem ajudar a identificar os conteúdos das diversas disciplinas que contribuem para um trabalho sistemático sobre o tema.

Envolvimento dos pais - Faça uma reunião com as famílias para apresentar o programa. Aproveite para falar brevemente sobre as principais manifestações da sexualidade na infância e na adolescência.

Formação permanente - Organize um grupo de professores para estudar temas ligados à sexualidade e discutir as experiências em sala de aula.

2ª ETAPA Da pré-escola ao 5º ano, o trabalho em sala de aula exige atenção do professor às atitudes e à curiosidade das crianças, pois são elas que vão dar origem aos debates e às atividades propostos a seguir.

Pré-escola
Diferenças de gênero - Baixar a calça e levantar a saia são sinais de curiosidade. O livro Ceci Tem Pipi?, de Heloisa Jahn e Thierry Lenain, explora as diferenças físicas e comportamentais entre meninos e meninas. Pergunte quem tem pipi. E quem não tem? Tem o quê? Diga que a vagina é o "pipi" das meninas. Estimule o debate sobre o que é ser menino e menina, levantando questões como: uma garota pode subir em árvores? Escreva as respostas no quadro e converse com a turma.

O corpo e o prazer - É normal que os pequenos toquem os genitais para ter prazer e conhecer o próprio corpo. Proponha a descoberta de outras formas de satisfação na escola, como brincar na areia e na terra ou com água. Deixe-os explorar esses elementos no parque e incentive-os a falar sobre o que sentiram e sobre as partes do corpo que dão prazer, inclusive o pênis e a vagina. Diga que é normal tocá-los, mas que essas são partes íntimas e, portanto, não devem ser manipuladas em locais públicos. Finalize lembrando-as das outras maneiras de ter prazer na escola.

Relação sexual - Caso uma criança tenha visto uma cena de sexo na TV, certamente comentará com os colegas. O livro A Mamãe Botou um Ovo, de Babette Cole, relaciona sexo, concepção e nascimento. Todos sabem como nasceram? Levante as dúvidas e comente que sexo é coisa de adultos. Mostre bonecos que tenham pênis e vagina e deixe a garotada explorar as diferenças.

Gravidez - Se alguma professora ou alguém próxima à garotada estiver grávida, certamente a turma ficará curiosa. Fale sobre o desenvolvimento do bebê, desde a concepção até o nascimento (cartazes ajudam muito). Uma música boa para tocar é De Umbigo a Umbiguinho, de Toquinho. Explique o processo físico de evolução, ouça as perguntas e responda-as de forma simples e direta.

Do 1º ao 5º ano Vocabulário da sexualidade - Palavrões são comuns nas conversas infantis e podem ser usados para fazer graça ou para agredir. Mas eles perdem rapidamente o impacto quando você os escreve no quadro. Explique o significado de cada um, deixe claro que todos podem ser ofensivos e, por isso, não devem ser usados - principalmente em público.
Caso as palavras façam referência aos órgãos sexuais, levante as outras que a turma conheça para pênis e vagina. Escreva no quadro os termos corretos e utilize-os nas conversas sobre o tema.

Padrões de beleza - Ao perceber que os alunos debocham da aparência de um colega, um bom caminho é promover um debate sobre padrões de beleza. Que tal passar o filme Shrek? Por que a princesa Fiona se esconde quando vira ogra? Ela só é aceita quando aparenta ser bela? Que qualidades têm os personagens? É justo que as pessoas evitem quem não acham bonito? Outro bom exemplo é a Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. A modelo é bonita? Explique que, na época em que foi pintada, ela era (sim) um padrão de beleza. Divida a turma em duplas e peça que cada um descreva qualidades ou algo que ache bonito no colega.

3ª ETAPA Com os mais velhos, o trabalho deve ser sistemático, com aulas semanais ou quinzenais. Monte uma lista com os temas, mas apresente-os de acordo com o interesse da turma.

Do 6º ao 9º ano
Puberdade - Coloque no quadro desenhos de corpos femininos e masculinos em diferentes fases do crescimento. Pergunte aos alunos o que eles entendem por puberdade.
Explique as transformações físicas e emocionais e por que elas acontecem. As questões podem ser feitas oralmente ou por escrito (se você não quiser expor ninguém).

Maternidade e paternidade - Leia o poema Enjoadinho, de Vinicius de Moraes. Pergunte de que um bebê precisa durante a gestação e após o nascimento e fale sobre as necessidades dos pais. Escreva as respostas no quadro. Pergunte se é possível um adolescente ser pai e mãe e prover tudo de que o bebê precisa. Do que o jovem terá de abrir mão para cuidar de uma criança? Quais são as vantagens de adiar a gravidez? Ao fim da aula, peça que os alunos escrevam sobre o que esperam do futuro.

Métodos anticoncepcionais - Leve para a sala de aula cartelas de pílulas, camisinhas masculina e feminina, tabelinha etc. Faça circular pela classe e dê explicações sobre cada tipo. Responda às dúvidas. Divida a turma em grupos e dê a cada um uma banana ou cenoura e uma camisinha para demonstrar como ela deve ser colocada. Depois peça que os jovens façam o mesmo. Lembre-os de que as camisinhas masculina e feminina são o único método anticoncepcional que previne as DSTs.

Aborto - No Brasil, a interrupção intencional da gravidez é crime, exceto quando a mãe foi estuprada ou corre risco de morte. Antes do debate, ofereça textos sobre o tema e forme dois grupos para uma dramatização. O primeiro deve ter personagens como uma grávida que quer ter o bebê, o namorado que prefere que ela aborte, o médico que fará a operação, a mãe que é contra e a amiga que tem dúvidas. O outro: a grávida que insiste em abortar, o namorado que é contra, o médico que a aconselha a não fazer isso, a mãe que tem dúvidas e a amiga que insiste na interrupção. Proponha que os jovens improvisem um diálogo usando argumentos compatíveis com cada personagem.

DSTs - Ponha para tocar A Via Láctea, de Renato Russo, e Ideologia, de Cazuza. Esses dois músicos morreram em decorrência da aids. Os alunos sabem o que a sigla significa? Selecione versos ("Essa febre que não passa", "Meu prazer agora é risco de vida" e outros) e discuta seu significado. Peça uma pesquisa sobre a incidência da síndrome na população. A análise mostrará que não existem mais grupos de risco, mas atitudes de risco. Converse sobre outros tipos de DSTs e como se prevenir.

O que é ser homem e ser mulher - No filme Billy Elliot, de Stephen Daldry, o
personagem principal quer ser bailarino. O que os jovens fariam se um filho tivesse esse desejo? Ou uma filha que sonha ser futebolista? O que é ser homem e ser mulher? Dá para definir levando em consideração apenas o que a pessoa gosta de fazer?

Homossexualidade e bissexualidade - Assista com os alunos ao filme Brokeback Mountain, de Ang Lee. Como o preconceito contra homossexuais é mostrado? Só existe amor entre homens e mulheres? Ouça as opiniões e reflita com os alunos sobre diferentes formas de amar. O respeito à opção sexual também deve ser abordado.
Maria Helena Vilela
Diretora do Instituto Kaplan, e Antonio Carlos Egypto, do Grupo de Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual, ambos de São Paulo.

Histórias em quadrinhos sobre AIDS

Histórias em quadrinhos HQ - SPE


Conteúdo extra:


Uma linguagem visual e moderna para tratar de assuntos polêmicos como a aids e o preconceito contra quem vive com HIV/aids. Essa é a proposta de uma série de histórias em quadrinhos (HQ) de educação em sexualidade para estudantes do programa Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE). Os gibis abordam questões como adolescência, gênero, diversidade sexual, direitos sexuais e reprodutivos e viver e conviver com HIV/aids. Desenhistas renomados como o brasileiro Eddy Barrows, atual desenhista do Superman (DC Comics), ilustraram as revistinhas. Ilustrações de Júlia Bax, Edh Muller e Yure Garfunkel, também, podem ser vistas nas HQ.
Um guia para utilização em sala de aula pelo professor e um CD-ROM complementar – com jogos, perfil dos ilustradores, wallpapers e idéias de aplicação do material em sala de aula – vão auxiliar nos debates. As HQ do SPE vão ajudar docentes e estudantes a refletir, aprender e criticar de forma divertida dilemas da juventude relacionados ao uso de álcool e outras drogas, além do enfrentamento de estigmas e preconceitos.
•Nº 1 - Perguntas e Respostas [4.7 MB] - partes 1 e 2
•Nº 2 - Todas as Claudinhas do mundo [3.9 MB] - e mais: DS... O quê?
•Nº 3 - A vida como está e as coisas como são [5.1 MB] - E mais: Vamos conversar?
•Nº 4 - Ficar ou não ficar? [4.3 MB] - partes 1 e 2
•Nº 5 - Balada [4.3 MB]
•Nº 6 - Cenas de cinema e Perguntas e Respostas [7.8 MB] - parte 3
•Guia do Professor [1.8 MB] - um guia para utilização em sala de aula

para fazer o download, use este link:

http://www.aids.gov.br/publicacao/historias-em-quadrinhos-hq-spe

Izabel

JOVAED

JOVAED


Apresentação

A JOVAED – Jornada Virtual ABED de Educação a Distância será realizada de 10 a 21 de Junho de 2011. O evento aproveitará a experiência do 7º SENAED – Seminário Nacional ABED de Educação a Distância, realizado em 2009 também totalmente à distância.

A JOVAED será gratuita e qualquer interessado pode participar virtualmente das atividades oferecidas. Os inscritos terão direito a Certificado de participação emitido ao final do evento pela ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância.

A JOVAED envolverá inúmeras atividades síncronas e assíncronas em múltiplas plataformas, como: listas de discussão, ambientes virtuais de aprendizagem, redes sociais, blogs e microblogs, wikis, imagens, vídeos, webconferências, games e mundos virtuais, dentre outras ferramentas web 2.0.

As atividades serão coordenadas por profissionais de destaque na prática e reflexão sobre EaD, no Brasil e no exterior.

Portanto, reserve na sua agenda o período de 10 a 21 de Junho de 2011 para participar das inúmeras atividades que serão realizadas durante a JOVAED – contamos com a sua presença e divulgação para sua rede!

Inscrições

As inscrições para a JOVAED devem ser feitas diretamente no site da ABED e estarão abertas nos próximos dias.

Coordenação

A JOVAED é coordenada por João Mattar e a Comissão Organizadora é composta por: Antonia Alves Pereira, Breno Trautwein, Cristiane Marcelino, Cynthia Araujo, Gentil Gonçales Filho, José Erigleidson, Maria Delcina Feitosa, Maria Elza Ataide, Patricia Scherer Bassani e Raquel Resende.

Twitter
A hashtag para a JOVAED é #jovaed (utilize-a sempre em seus tweets sobre o evento e em outras redes sociais)

Fonte: Blog de João Mattar( organizador do evento) em 6 de Maio de 2011

Vídeo EAD

Educação a Distância e os Processos Cognitivos from Fernando Giannini on Vimeo.



http://vimeo.com/21242317

Este vídeo mostra a relação entre a intermediação digital virtual para aprendizagem e aspectos da cognição humana, o que todo o professor precisa saber para se aventurar na modalidade a distância.

Vale a pena conferir.

Seminário da Infância e Juventude

Dicas de como trabalhar a sexualidade na Educação Infantil

Sexualidade e brincadeira na educação infantil

Apresentar o tema sexualidade de forma lúdica utilizando brincadeiras,
cantigas, cores, brinquedos e o corpo humano, são alternativas utilizadas por
muitos profissionais que possuem objetivo de desmistificar a sexualidade, bem
como torná-la compreensível às crianças.

O processo de desenvolvimento da criança na aprendizagem escolar, leva a
mesma a uma modificação do universo infantil. Kishimoto coloca que, “a
infância é a idade do possível, pode-se projetar sobre ela a esperança da

mudança, de transformação social e renovação moral" (200, p. 19).

É através da brincadeira que a criança expressa o mundo real, seu valor, sua
maneira de pensar de agir e de criar, a partir do contexto em que ela está inserida. A brincadeira ou seja, a ação da criança em contato com o objeto que é o brinquedo, é convidada a fazer parte do mundo imaginário, concretizando a ludicidade aqui retratada.

Como relata a autora: Entende-se que o jogo, por ser uma ação voluntária da

criança, um fim em si mesmo, não pode criar nada, não visa a um resultado

final.

O que importa é o processo em si de brincar que a criança se impõe.

Quando ela brinca, não está preocupada com a aquisição de
conhecimento ou de qualquer habilidade mental ou física. (KISHIMOTO,2000,
p. 24)

Sexualidade na escola

Olá aprendentes,

como estamos trabalhando com este tema agora, resolvi postar algumas experiências sobre esse foco, leiam é muito interessante.

A Sexualidade na Escola



"Educação Sexual" ou "Educação para os Afectos"?
Abordar a sexualidade na escola não é fácil. Devia sê-lo, mas não é. "Falar de sexualidade é difícil porque imaginamos sempre coisas associadas a ela que nos levam a ficar com vergonha. Se calhar é por isso que os professores não estão à vontade para conversar connosco". Quem o afirma é a Mariana, 17 anos, estudante do 11º ano, que naquela tarde estava sentada com mais dois amigos, a Cláudia e o Pedro, na escadaria fronteira à escola. Não foi difícil falar com eles. Pareceram partilhar as suas opiniões com gosto e dizer o que provavelmente muitas vezes fica por dizer.
O Pedro, um ano mais velho do que a Mariana, acha que aprendeu mais a falar com os amigos e os colegas sobre os temas que se relacionam com a sexualidade do que na escola. "Aqui fala-se principalmente dos perigos das doenças sexualmente transmissíveis, dos métodos contraceptivos e pouco mais". Oculta-se, na sua opinião, o que por vezes é mais importante: satisfazer a curiosiosidade, questionar sobre se determinados comportamentos são considerados "estranhos" ou se "faz mal à saúde" praticar determinado tipo de sexo. "Acho que é como a Mariana disse: as pessoas talvez tenham vergonha ou achem mais natural falar disso com os amigos, não sei...".
"Os rapazes deviam saber qual é a sensação de uma mulher ter um filho... Talvez assim dessem mais valor à maternidade", opina a Cláudia. Apesar de concordar que passar pela mesma experiência será um pouco difícil, ela pretende demonstrar que o facto de "eles" desconhecerem o funcionamento biológico da mulher leva-os, muitas vezes, a adoptarem certos "comportamentos irresponsáveis".
Há dois anos trabalharam a sexualidade como tema na área-escola. O resultado parece ter sido encorajador, mas não houve continuidade. "Foi engraçado porque pudemos pesquisar sobre determinados assuntos e expô-los abertamente aos outros. Na altura falamos bastante sobre o assunto, mas depois nunca mais o abordamos", diz a Cláudia. "Foi a primeira vez que soube como realmente funcionava o aparelho reprodutor feminino, o ciclo da menstruação e outras coisas. Mas acho que ficou muito por perguntar...", afirma, por seu lado, o Pedro.
Um pouco mais jovens do que os seus colegas - frequentam o nono ano e têm todos quinze anos -, a Mariana, a Ana e o Domingos estão à volta de uma mesa do bar jogando cartas. Talvez por isso seja patente a sua apreensão inicial em falar sobre o assunto. Como é que a educação sexual devia ser abordada na escola? "Nunca tinha pensado nisso", diz a Mariana - esta de apelido Raquel -, desviando o olhar para os colegas e soltando um pequeno riso. "Aqui na escola só aprendi educação sexual nas aulas de Religião e Moral", responde por seu turno a Ana, que, apesar disso, não hesita em afirmar que já sabe "quase tudo" o que há para saber.
O Domingos, pelo contrário, considera que devia haver uma hora semanal para discutir os assuntos ligados à sexualidade. "Às vezes há perguntas que temos vergonha de fazer aos nossos pais e às quais os amigos também não sabem responder. Nessa altura dava jeito. Mas não devia contar para avaliação nem ter faltas", refere.
Os depoimentos recolhidos junto destes alunos de dois estabelecimentos de ensino do Porto, permitem demonstrar, pelo menos em parte, que a educação sexual nas escolas é ainda um tema pouco divulgado. Isto, apesar de a educação sexual se encontrar regulamentada desde 1984, pela lei nº3/84, bem como pela Lei de Bases do Sistema Educativo de 1986. O ano passado, as garantias do direito à saúde reprodutiva foram reforçadas pela Lei nº120/99 e, segundo o Plano Interministerial para a Educação Sexual e para o Planeamento Familiar, prevê-se que até 2003 cerca de 90 por cento dos alunos deverá receber formação nas áreas da sexualidade humana, fisiologia da reprodução, doenças sexualmente transmissíveis, relações interpessoais e planeamento familiar.
Uma meta tanto mais importante quando se sabe que Portugal é o país da União Europeia com maior número de mães menores de idade. Apesar deste número ter vindo a decrescer nos últimos anos, só em 1997, segundo números fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística, cerca de 2500 adolescentes - entre os doze e os dezassete anos - foram parturientes, sendo que a larga maioria não retorna à escola.
Investir na formação dos professores
Apesar de ter uma importante função preventiva, a educação sexual não devia cumprir um papel meramente informativo. "E o erro está aí, ao continuar a achar-se que a informação é o mais importante. Não é, porque os adolescentes têm a informação e não a usam." , diz Emília Costa, psicóloga e professora da Faculdade da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação do Porto. O mais importante, sublinha, é o "desenvolvimento do indivíduo no respeito por si próprio e pelo outro". Daí considerar que deva falar-se mais em "educação para os afectos" - onde, a par com aspectos de ordem prática, se dê particular ênfase às relações interpessoais - do que reduzir o conceito a "educação sexual".
Mas mais do que orientar-se preferencialmente por uma ou outra abordagem, o fundamental, defende, é que a escola, desde a pré-primária à universidade, defina com coerência os objectivos que pretende atingir. Mas as escolas, afirma, "não têm objectivos e cada professor tende a actuar de forma isolada". "Assim, como é possível os alunos sentirem-se inseridos num contexto, quando não há uma identidade própria ou uma estratégia concertada?", questiona-se.
A formação de professores é uma das áreas mais importantes para o sucesso dessa estratégia. Uma necessidade premente, demonstrado, nomeadamente, pelo crescente número de pedidos que a Associação para o Planeamento da Família (APF) tem vindo a receber para formação ou apoio a projectos de educação sexual nas escolas, inclusivamente nos estabelecimentos do 1º ciclo do ensino básico, embora nestes com menos frequência. A formação de formadores tem sido uma das principais apostas da instituição, tanto como meio de suprir a carência de formadores disponíveis como forma de aumentar a qualidade da resposta. Paralelamente a estas acções, também as escolas superiores de Educação e as universidades têm vindo a ser solicitadas no sentido de incluirem temas de educação sexual e Formação pessoal e Social nos curriculos dos diversos cursos, quer no que respeita à formação inicial, quer à formação contínua. ESE's como a de Setúbal ou do Porto, entre outras, começaram já a organizar formação nesta área.
Seja por falta de preparação ou por desconhecimento de causa, o facto é que muitos professores continuam a ter dificuldades na abordagem da sexualidade. Para ilustrar esta afirmação, Emília Costa recorre a um exemplo extremo, mas bem ilucidador do que pode suceder quando o professor não se encontra convenientemente preparado para lidar com determinadas situações na sala de aula. Uma história que, confessa a própria, a chocou bastante: "A meio de uma aula uma adolescente foi menstruada e não se apercebeu do facto. Os colegas começaram a rir-se e a professora, ainda jovem, não reagiu de forma positiva, perguntando-lhe, ao contrário do que seria de esperar, se a mãe nunca lhe tinha ensinado a andar protegida".
São exemplos como este que levam a psicóloga a concluir que o tipo de abordagem utilizada não se encontra relacionada com a idade ou com a formação pessoal de cada docente, mas está dependente, em grande medida, da motivação e da sensibilidade em relação aos problemas e à forma de lidá-los. Factores, reconhece, que uma formação adequada pode ajudar a desenvolver. É por isso que quando um aluno diz um "disparate" na aula, o professor, em vez de o convidar a sair, devia aproveitar a circunstância para abordar o assunto de uma "forma educativa", sugere.
"Os professores esquecem-se muitas vezes que são ao mesmo tempo pais. Se eles pensassem nos alunos nos mesmos termos que os filhos, como reagiriam? Por outro lado, se se lembrassem do seu período de adolescência, o que faziam, o que questionavam, os medos e as angústias que experimentaram, concerteza se sentiriam mais próximos dos sentimentos dos alunos".
Envolver os pais
Mas não devem ser apenas os professores os alvos destas acções de sensibilização e formação. Os encarregados de educação, enquanto actores centrais no processo de aprendizagem e da formação pessoal dos jovens, são também eles confrontados com situações às quais não sabem, por vezes, como reagir, questionando-se frequentemente de que forma podem ajudar os filhos. "Não é preciso tirar nenhum curso", refere Emília Costa. "Basta que falem do que sabem com naturalidade e abertura".
Neste sentido, a Associação de Pais da Escola Secundária da Maia, desenvolve, desde final de 1998, diversos programas de sensibilização para as questões da adolescência, de entre os quais se destaca uma acção de formação destinada exclusivamente aos encarregados de educação. "Elos de Intimidade", assim se chama a iniciativa, leva, uma vez por semana, os pais de três turmas do oitavo ano daquela escola a encontrarem-se para debater os mais variados temas ligados à sexualidade, recebendo formação, entre outras vertentes, na área da comunicação com os filhos.
"Pretendemos principalmente que os laços de comunicação sejam facilitadores da relação entre pais e filhos", refere Luísa Costa, presidente da Associação de Pais e dinamizadora da iniciativa. A taxa de participação não é muito elevada - cerca de trinta por cento do total de encarregados de educação assistem às reuniões -, mas esse não é um aspecto que a preocupe. "Não nos interessa formar grandes grupos porque não seguimos uma estratégia do tipo explanativa, apostamos mais na dinâmica de grupo, lançando questões que são posteriormente discutidas entre todos".
Partindo da sua experiência, Luísa Costa diz que a sexualidade continua a ser um tabu, seja a nível pessoal, seja na relação entre os casais. "Como não o havia de ser entre pais e filhos?", pergunta-se. Mas o trabalho parece estar a desenvolver frutos. Após três encontros, Luísa Costa afirma que a evolução deste grupo foi extraordinária. "Já há uma ligação mais forte entre os participantes, as pessoas falam abertamente, gracejam... houve inclusivamente quem me pedisse para levar as irmãs, as cunhadas ou os amigos. E isto demonstra a vontade dos pais quererem aprender mais para saber como lidar com os respectivos filhos".
Um exemplo, entre tantos outros que se começam a generalizar, indispensáveis para mudar as mentalidades dos adultos e daqueles que ensinam as crianças. "A sociedade portuguesa ainda está muito virada para si própria. Ainda se acredita que ser pai e mãe é qualquer coisa de instintivo e natural, mas é uma das tarefas mais difíceis com que o ser humano é confrontado", refere, por seu lado, Emília Costa. Daí considerar que uma boa parte do trabalho deva ser desenvolvido juntos dos adultos, pais e sociedade em geral, tentando alterar valores que já não se adaptam à actual forma de vivência dos adolescentes: "Somos regidos por valores paradoxais e queremos que os jovens os assumam".
Ricardo Jorge Costa
Alguns títulos sobre o tema
"Amo-te"Francesco Alberoni, Venda Nova, Bertrand, 1996
"Madrugada de Lágrimas - Depressão na Adolescência"
Dulce Bouça, Porto, Edinter, 1997
"Mais do que Amigos - Tudo o que queres saber sobre
amor e sexualidade"

Sanderijn Van der Doef, Porto, Edinter, 1996
"Os Amantes, os Maus e os Outros"Shere Hite e Kate Colleran, Venda Nova, Bertrand, 1992
"Menina e Moça - A construção Social da Feminilidade" Teresa Joaquim, Lisboa, Universidade Técnica de Lisboa, 1994
"As Árvores de Deus e as suas Flores -
Psicologia Social das Relações Amorosas"

António Manuel Marques, Lisboa, ISCTE, 1996
"Vozes e Ruídos - Diálogos com Adolescentes"
Daniel Sampaio, Caminho, 1993
"Sexo para adolescentes"Marta Suplicy, Porto, Afrontamento, 1994
"Educação Sexual na Escola"Júlio Machado Vaz, Duarte Vilar, Susana Cardoso
Lisboa, Universidade Aberta, 1998

Izabel Lamenha. Tecnologia do Blogger.

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